segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Um pouco das minhas férias 4









Arte na Rua 2

























Como estrelas na Terra

Os filhos são, sem dúvida, empréstimo Divino.
Deus proporciona o ensejo da paternidade e maternidade para que nos dediquemos a transformar as nossas crianças em pessoas de bem e prepará-los para serem cidadãos do mundo.
Porém, existem pais e mães muito especiais que, na sua caminhada, têm filhos igualmente especiais. Crianças que nascem com alguma limitação, física ou intelectual, e que necessitarão de cuidados por toda a vida.
Com certeza, essa é uma grande e inadiável chance de crescimento espiritual para esses pais.
Temos casos em que os genitores delegam para instituições especializadas o cuidado integral com filhos portadores de necessidades especiais.
Por outro lado, temos exemplos em que pais e mães, muitas vezes, mesmo sem ter as condições físicas e financeiras adequadas, movem o mundo para oferecer o melhor em termos de tratamentos de saúde e conforto para seus filhos.
Qualquer obstáculo se torna pequeno quando o objetivo é promover o desenvolvimento e o estímulo de suas crianças.
Vibram com cada pequena conquista. Cada sorriso, cada novo movimento aprendido, por menor que seja, é motivo de grande alegria.
Pais maravilhosos e sensíveis que percebem que cada indivíduo tem o seu talento e que enxergam que o potencial de cada um é infinito como o céu. E estão sempre, de alguma forma, preparando-os para o mundo.
Olhemos para essa criança especial, com todo o amor que possamos ter em nossos corações, e tenhamos a certeza de que se ela está no seio da nossa família, em nosso lar, não é por acaso.
Abramos as janelas do coração e olhemos lá dentro para ver como as pequeninas gotas de chuva encontram o sol, formando um arco-íris.
Olhemos para essas crianças como gotas frescas de orvalho repousando nas folhas, presentes do céu, esticando e virando, escorregando e caindo, como pérolas delicadas.
Não deixemos que se percam essas pequenas estrelas na Terra.
Assim como o brilho do sol em um dia de inverno banha o jardim dourado, elas afugentam as trevas dos nossos corações e aquecem o nosso ser.
São como um bom sono onde os sonhos flutuam, como fonte de cores ou borboletas sobre as flores, doces anjos, mostrando-nos que o amor se basta.
Elas são ondas de esperança, são a aurora dos sonhos e eterna alegria.
Elas são a chama que dispersa o temor, como a fragrância de um pomar que preenche os ares, como um caleidoscópio e suas miríades de cores, como flores crescendo em direção ao sol. Como notas de flauta em uma quieta floresta.
Elas são o sopro de ar fresco, o ritmo e música da vida.
São como a vida que pulsa, como botões destinados a florir.
Sonham acordadas, com os olhos abertos. Perto das nuvens fica seu mundo.
Deixe-as entrar, existem outras assim, sonhando acordadas, pisando, tropeçando, não estão sozinhas.
Só querem ter mil asas para voar, para explorar os vastos ares e então flutuar como um pássaro.
Não deixemos que se percam essas pequenas estrelas na Terra.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Os canalhas nos ensinam mais

Nunca vimos uma coisa assim. Ao menos, eu nunca vi. A herança maldita da política de sujas alianças que Lula nos deixou criou uma maré vermelha de horrores. Qualquer gaveta que se abra, qualquer tampa de lata de lixo levantada faz saltar um novo escândalo da pesada. Parece não haver mais inocentes em Brasília e nos currais do País todo. As roubalheiras não são mais segredos de gabinetes ou de cafezinhos. As chantagens são abertas, na cara, na marra, chegando ao insulto machista contra a presidente, desafiada em público. Um diz que é forte como uma pirâmide, outro que só sai a tiro, outro diz que ela não tem coragem de demiti-lo, outro que a ama, outro que a odeia. Canalhas se escandalizam se um técnico for indicado para um cargo técnico. Chego a ver nos corruptos um leve sorriso de prazer, a volúpia do mal assumido, uma ponta de orgulho por seus crimes seculares, como se zelassem por uma tradição brasileira.
Temos a impressão de que está em marcha uma clara "revolução dentro da corrupção", um deslavado processo com o fito explícito de nos acostumar ao horror, como um fato inevitável. Parece que querem nos convencer de que nosso destino histórico é a maçaroca informe de um grande maranhão eterno. A mentira virou verdade? Diante dos vídeos e telefonemas gravados, os acusados batem no peito e berram: "É mentira!" Mas, o que é a mentira? A verdade são os crimes evidentes que a PF e a mídia descobrem ou os desmentidos dos que os cometeram? Não há mais respeito, não digo pela verdade; não há respeito nem mesmo pela mentira.
Mas, pensando bem, pode ser que esta grande onda de assaltos à Republica seja o primeiro sinal de saúde, pode ser que esta pletora de vícios seja o início de uma maior consciência critica. E isso é bom. Estamos descobrindo que temos de pensar a partir da insânia brasileira e não de um sonho de razão, de um desejo de harmonia que nunca chega.
Avante, racionalistas em pânico, honestos humilhados, esperançosos ofendidos! Esta depressão pode ser boa para nos despertar da letargia de 400 anos. O que há de bom nesta bosta toda?
Nunca nossos vícios ficaram tão explícitos! Aprendemos a dura verdade neste rio sem foz, onde as fezes se acumulam sem escoamento. Finalmente, nossa crise endêmica está em cima da mesa de dissecação, aberta ao meio como uma galinha. Vemos que o País progride de lado, como um caranguejo mole das praias nordestinas. Meu Deus, que prodigiosa fartura de novidades sórdidas estamos conhecendo, fecundas como um adubo sagrado, tão belas quanto nossas matas, cachoeiras e flores. É um esplendoroso universo de fatos, de gestos, de caras. Como mentem arrogantemente mal! Que ostentações de pureza, candor, para encobrir a impudicícia, o despudor, a mão grande nas cumbucas, os esgotos da alma.
Ai, Jesus, que emocionantes os súbitos aumentos de patrimônio, declarações de renda falsas, carrões, iates, piscinas em forma de vaginas, açougues fantasmas, cheques podres, recibos laranjas de analfabetos desdentados em fazendas imaginárias.
Que delícia, que doutorado sobre nós mesmos!... Assistimos em suspense ao dia a dia dos ladrões na caça. Como é emocionante a vida das quadrilhas políticas, seus altos e baixos - ou o triunfo da grana enfiada nas meias e cuecas ou o medo dos flagrantes que fazem o uísque cair mal no Piantella diante das evidências de crime, o medo que provoca barrigas murmurantes, diarreias secretas, flatulências fétidas no Senado, vômitos nos bigodes, galinhas mortas na encruzilhada, as brochadas em motéis, tudo compondo o panorama das obras públicas: pontes para o nada, viadutos banguelas, estradas leprosas, hospitais cancerosos, orgasmos entre empreiteiras e políticos.
Parece que existem dois Brasis: um Brasil roído por ratos políticos e um outro Brasil povoado de anjos e "puros". E o fascinante é que são os mesmos homens. O povo está diante de um milenar problema fisiológico (ups!) - isto é, filosófico: o que é a verdade?
Se a verdade aparecesse em sua plenitude, nossas instituições cairiam ao chão. Mas, tudo está ficando tão claro, tão insuportável que temos de correr esse risco, temos de contemplar a mecânica da escrotidão, na esperança de mudar o País.
Já sabemos que a corrupção não é um "desvio" da norma, não é um pecado ou crime - é a norma mesmo, entranhada nos códigos, nas línguas, nas almas. Vivemos nossa diplomação na cultura da sacanagem.
Já sabemos muito, já nos entrou na cabeça que o Estado patrimonialista, inchado, burocrático é que nos devora a vida. Durante quatro séculos, fomos carcomidos por capitanias, labirintos, autarquias. Já sabemos que enquanto não desatracarmos os corpos públicos e privados, que enquanto não acabarem as emendas ao orçamento, as regras eleitorais vigentes, nada vai se resolver. Enquanto houver 25 mil cargos de confiança, haverá canalhas, enquanto houver Estatais com caixa-preta, haverá canalhas, enquanto houver subsídios a fundo perdido, haverá canalhas. Com esse Código Penal, com essa estrutura judiciária, nunca haverá progresso.
Já sabemos que mais de R$ 5 bilhões por ano são pilhados das escolas, hospitais, estradas. Não adianta punir meia dúzia. A cada punição, outros nascerão mais fortes, como bactérias resistentes a antigas penicilinas. Temos de desinfetar seus ninhos, suas chocadeiras.
Descobrimos que os canalhas são mais didáticos que os honestos. O canalha ensina mais. Os canalhas são a base da nacionalidade! Eles nos ensinam que a esperança tem de ser extirpada como um furúnculo maligno e que, pelo escracho, entenderemos a beleza do que poderíamos ser!
Temos tido uma psicanálise para o povo, um show de verdades pelo chorrilho de negaças, de "nuncas", de "jamais", de cínicos sorrisos e lágrimas de crocodilo. Nunca aprendemos tanto de cabeça para baixo. Céus, por isso é que sou otimista! Ânimo, meu povo! O Brasil está evoluindo em marcha à ré!

O que acham do meu Naninha Cachorrinho?