sábado, 30 de novembro de 2013

Rápida passagem



Conta-se que no século passado, um turista americano foi à cidade do Cairo, no Egito. Seu objetivo era visitar um famoso rabino.

O turista ficou surpreso ao ver que o rabino morava num quarto simples, cheio de livros. As únicas peças de mobília eram uma mesa e um banco.

Onde estão os seus móveis? Perguntou o turista.

E o rabino bem depressa perguntou também:

Onde estão os seus?

Os meus? Disse o turista. Mas eu estou aqui de passagem.

Eu também. Falou o rabino.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Ensaio fotográfico: Cães "terminais e a despedida de seus donos - Joy Sessions.



Sara Beth, fotógrafa especializada em animais, decidiu buscar inspiração em um dos temas mais tristes relacionados aos quatro patas: o estado terminal. Num trabalho minucioso, misturando família e cão, ela registrou os últimos dias das afáveis criaturinhas com seus donos. O nome do trabalho é Joy Sessions.
Quem já teve, ou tem um animalzinho de estimação, sabe a importância deste companheiro em sua vida.





Razão e compreensão



O relacionamento com aqueles com quem convivemos e nos encontramos é sempre um desafio de alto significado.

O universo que cada um traz consigo, seu mundo particular, suas conquistas e dificuldades são expostas, gerando, não poucas vezes, conflitos nas relações humanas.

Naturalmente que, quanto mais próximas e frequentes forem essas relações, mais elas exigem de nós.

Assim é que na vida em família, onde o verniz social e as aparências superficiais não se sustentam, os conflitos se mostram às vezes intensos.

Porém, não por acaso, a Providência Divina escolhe, define e, algumas vezes mesmo nos consulta, para estabelecer com quem e entre quem estaremos iniciando uma nova jornada.

Será no meio familiar que enfrentaremos os maiores desafios de relacionamento, e será ali, inúmeras vezes, que teremos as mais significativas lições para a vida.

Além do próprio lar, encontraremos outras oportunidades de aprendizado. Será o vizinho um tanto excêntrico, o chefe pouco tolerante, o colega de trabalho mal-humorado.

Porém, não podemos nos esquecer que será a vida de relação que nos possibilitará o exercício da compreensão, da tolerância, do amor ao próximo.

Ao entendermos cada ser humano como uma alma em evolução, que renasceu, como nós, mais uma vez, com bons desafios para enfrentar, veremos que somos todos mais parecidos do que podemos imaginar.

É claro que cada um traz suas peculiaridades, suas manias, suas falhas. Mas, em essência, somos todos almas buscando a perfeição.

Assim, quando alguma dificuldade acontece, no relacionamento com alguém, talvez seja melhor não buscar o enfrentamento.

Muitas vezes enfrentamos ao outro, discutimos, brigamos, gerando tensão e nervosismo, para deixar claro que estamos com a razão, que merecemos um pedido de desculpas.

E para isso, pagamos o preço de perdas de amizade, dificuldades no emprego, tensões familiares complexas.

Talvez, em nossas dificuldades de relacionamento, devêssemos nos perguntar quem está com a caridade, quem está com a compreensão, quem está com a humildade, e não quem está com a razão.

Afinal, a vida em sociedade, inevitável para nosso progresso, é a oportunidade de desenvolver valores morais de que ainda não dispomos.

Assim, o intolerante será nosso professor de paciência, o arrogante nos ensinará a humildade e o extravagante nos oportunizará o desenvolvimento da compreensão.

Todos aqueles que cruzam nossos caminhos nos trazem lições, de uma ou de outra maneira. Alguns pelo exemplo que oferecem, outros por aquilo que nos exigem para a convivência.

Nesse sentido, Jesus, o pedagogo por excelência, nos convida a, se alguém nos chamar para caminharmos mil passos, oferecermo-nos para andar dois mil. E, se alguém nos pedir a capa, oferecermos a túnica também.

Nessas aparentes perdas que imaginamos ter, aos olhos do mundo, estaremos ganhando, nas questões da alma, os verdadeiros e mais importantes valores que podemos amealhar para nós mesmos.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Raízes profundas



É bastante comum ouvir pessoas maduras afirmar que sofreram muito em sua infância ou em sua adolescência e que, de maneira alguma, desejam o mesmo para seus filhos.

Recordam ter iniciado cedo a trabalhar para auxiliar nas despesas do lar, dos desejos que jamais foram concretizados, como a bola de futebol, a bicicleta nova, a viagem de recreio.

Lembram de certas privações, de não terem tido privacidade quanto gostariam, porque necessitavam dividir o quarto com os irmãos, pela falta de espaço na casa dos pais.

Recordam, e recordam com certa amargura, o que lhes constituiu dificuldades e reafirmam que tudo farão para que seus filhos não tenham que experimentar nada daquilo.

Por isso mesmo, crescem os meninos e meninas sem maiores problemas. Vão à escola, levam dinheiro para o lanche, nem sempre saudável, viajam nas férias, brincam e folgam.

Nada lhes falta, para que não sofram, para que não se frustrem, para que não tenham decepções.

Nada em esforço lhes é exigido. Nada que desejem deixam de receber.

Vendo tantos pais assim proceder, recordamo-nos de um médico americano que, além de curar os seus doentes, tinha por objetivo transformar o terreno de sua casa em uma floresta.

Vivia a plantar árvores. Bastava retornar do hospital, e das visitas rotineiras aos pacientes, para se enfiar em um macacão, colocar um chapéu de palha na cabeça, luvas nas mãos e sair para o quintal.

O inusitado não era o passatempo do médico, mas a forma como ele tratava as árvores novas. Ele não as regava. Dizia que regar as plantas fazia com que crescessem com raízes superficiais.

As árvores que não eram regadas, dizia, necessitavam de criar raízes profundas para procurar umidade. Isto lhes concedia maior firmeza.

Falava com as árvores e as motivava a crescer fortes, a fim de enfrentar os ventos frios, as tempestades.

E as árvores se tornavam rijas, parecendo dizer que as adversidades e as privações as tinham beneficiado.

Nossos filhos, como as árvores do bom médico, talvez encontrem adversidades na vida.

Talvez tenham que percorrer caminhos difíceis, enfrentar ventos frios de solidão, de desesperança.

Eles também necessitam de criar raízes profundas, de modo que não sejam abatidos quando as chuvas caírem e os ventos soprarem fortes, tentando derrubá-los.

Aprendamos a dizer não, vez ou outra, a fim de que os nossos filhos aprendam que nem tudo lhes estará sempre disponível.

Mesmo que não seja necessário, confiemos a eles tarefas, exigindo que as executem, para treinar responsabilidade.

Em síntese, ensinemos nossos filhos a andar sozinhos, a enfrentar problemas, a lutar pelo que desejam, para que enrijeçam o caráter e cresçam fortes como o carvalho e sejam firmes como a rocha.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Um raio de luz



O gabinete daquela escola de ensino médio se convertera, por alguns momentos, em palco para uma cena constrangedora.

Um aluno de dezesseis anos de idade estava ali, sentado, cabeça baixa, pensamento em desalinho, aguardando a sentença final.

Os pais, desolados, olhavam em silêncio para o filho, sem saber o que dizer diante daquele momento acerbo.

Vários de seus professores já haviam dado seus depoimentos, todos desfavoráveis ao jovem rebelde.

Se o garoto fosse expulso seria um peso a menos na sua árdua obrigação de ensinar...

Se se livrassem daquele estorvo sua tarefa ficaria mais leve, talvez pensassem alguns daqueles educadores.

O silêncio enchia a pequena sala, quando chegou o último professor para dar seu parecer sobre a questão: era o professor de Física.

Homem maduro, lúcido, educador por excelência, sentou-se e, antes de dizer qualquer palavra, olhou detidamente nos olhos de cada uma daquelas criaturas ali sentadas, e sentiu-se extremamente comovido diante da situação.

Como poderia ajudar a resolver a questão sem prejuízo para o seu aluno? Afinal, para aquele nobre mestre, expulsar um aluno seria decretar a própria falência como educador.

Então, ele olhou carinhosamente para a mãe e perguntou: O que está havendo?

O que aconteceu para que a situação chegasse a esse ponto?

Tamanha era a vibração de ternura que emanava da voz suave do educador, que a mãe se sentiu amparada na sua desdita e decidiu falar.

Olhou com afeto para o filho e, num tom de extremado carinho disse: Meu filho!

O jovem, diante da pequena frase que ecoou em seu íntimo com mais força do que mil palavras de reprimenda, desatou a chorar...

Chorou e chorou, compulsivamente...

A comoção tomou conta do gabinete e as lágrimas rolaram quentes dos olhos daqueles pais sofridos e também do professor e da diretora.

Após quase meia hora, as lágrimas foram cedendo lugar a um certo alívio, como se uma chuva de bênçãos tivesse lavado o travo de fel que pairava sobre a pequena assembleia...

Quebrando o silêncio, o garoto falou: Mãe, posso lhe prometer uma coisa?

Vocês nunca mais virão à escola por motivos como este.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Radical diferença



Das palavras de Jesus colhemos o ensino de que não deve a mão esquerda tomar conhecimento do que realiza a direita. Ou seja, o bem deve ser feito na surdina, sem alardes.

Entretanto, vez ou outra, faz muito bem à mente, ocupada amiúde com notas de violência e egoísmo, tomar ciência de algumas inusitadas iniciativas.

Ao mesmo tempo, reportagens que enfocam essa ou aquela personalidade a espalhar benefícios, servem de estímulo a outras, por vezes, tímidas em sua vontade.

Ou, então, sugerem ideias felizes, motivando a sua multiplicação e consequentes benefícios.

Por isso, foi com alegria que lemos a respeito do trabalho de Scott Neeson, um australiano que, até os seus quarenta e quatro anos de idade, era um alto executivo do cinema.

Apelidado de Mr. Hollywood, ganhando mais de um milhão de dólares por ano, como vice-presidente de marketing da Sony Pictures, morava numa mansão em Beverly Hills, tinha um iate, dois carros de luxo e uma moto caríssima.

Movimentando-se entre festas elegantes com artistas de sucesso e namoradas estonteantes, sentia-se insatisfeito.

Acreditava que devia fazer algo mais do que cinema.

Seus colegas acreditaram que ele estava com estafa e lhe recomendaram férias, paraesfriar a cabeça.

Era o ano de 2003. Ele pegou um avião e partiu para cinco semanas de férias na Ásia, de mochila e motocicleta.

O Camboja lhe mostrou uma face da miséria que ele desconhecia. As cenas que viu, no famoso lixão de Phnom Penh, o deixaram em lágrimas.

Centenas de catadores, entre eles muitas crianças, reviravam as pilhas tóxicas, na esperança de encontrarem material reciclável que lhes pudesse render o mínimo para comer.

Foi o suficiente para alterar todo seu plano de vida. Ele se deu conta de que tinha tanto e as crianças tinham tão pouco. Mudou-se para a capital do Camboja e criou uma instituição.

Hoje, são mais de quatrocentas crianças que recebem moradia, alimentação, roupas, assistência médica, educação e treinamento vocacional.

Quando ele chega, as crianças correm alegremente ao seu encontro, pulam em suas costas e gritam: Quero colo, Scott.

E o homem de um metro e oitenta de altura, olhos azuis, chinelos, sorri e comenta: Já viu tanta alegria num lugar só?

Várias vezes ao ano, ele retorna a Los Angeles para levantar fundos de que precisa para manter sua instituição.

Após anos trabalhando no Camboja, Neeson admite que mal começou e afirma: Essa é a obra da minha vida. Estou comprometido com essas crianças.

Scott Neeson, de executivo a um homem que salva e muda vidas, um exemplo de coragem.

Coragem de abandonar o conforto, os prazeres mundanos para servir aos seus irmãos, com alegria e desprendimento.

Mais um homem de bem sobre a Terra. Um homem que fez e faz a diferença para centenas de vidas.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Branquinho, O Gato


















Apresentando novamente aqui no Blog, o Gato Branquinho, que a Bisa de 96 anos empresta para a Laura,  ele adora estar aqui no meu quintal, enquanto a Laura canta e dança...
Já tive gatos em casa, não nesta, na da minha mãe, quando morava com ela, mas agora devido a minha alergia, não posso mais ter gatos, mas isso não impede a minha amada de conviver com os animais, que é tão importante no desenvolvimento infantil.

Introducing again here on the Blog, Cat Branquinho, the Bisa 96 year lends to Laura, he loves being here in my backyard, while Laura sings and dances ...
I've had cats at home, this does not, in my mother, when she lived with her, but now due to my allergies, I can not have cats, but that does not stop my love to live with the animals, which is so important in child development.

Quando a pedra se transformou...



Era o período nazista. Segunda Guerra Mundial. O campo de concentração de Auschwitz, entre tantos carrascos, conhecia um muito bem: chamava-se Herr Müeller. Senhor Müeller.

Nome comum para o povo alemão. Mas, os prisioneiros daquele campo o podiam distinguir de qualquer outro.

Parecia ter uma pedra no lugar do coração. Frio, implacável. Decidia sobre a vida e a morte daqueles pobres prisioneiros da arbitrariedade e loucura humanas.

Entre tantos prisioneiros, um havia que o conhecera muito antes que o Nazismo o transformasse em carrasco. Era o ilustre rabino de uma aldeia polonesa, Samuel Shapira.

Ele conhecera Herr Müeller quando ele era um lavrador, na década de 1930, em sua aldeia.

Quando descera do trem de prisioneiros, seu olhar cruzou com o de Herr Müeller e, como naqueles anos distantes, se cumprimentaram: Bom dia.

E o carrasco lhe indicara para seguir para a fila da direita, para se tornar mais um prisioneiro naquele campo de concentração.

Os que fossem indicados para a esquerda, iam diretamente para a morte.

O tempo passou e, apesar das tantas condições adversas, sub-humanas, o rabino sobreviveu e pôde ouvir, com alegria, o anúncio, em quatro idiomas, de que estavam livres.

A guerra terminara. Embora o horror do que os homens haviam feito, naqueles anos, demorasse a se diluir na memória de cada um.

A partir de agosto de 1945 até 1949, instalou-se um grande Tribunal Militar Internacional, que passou a julgar os criminosos.

O mundo o conheceu como Julgamento de Nuremberg e foram vinte e dois os réus. Mas, vários outros julgamentos aconteceram em territórios ocupados.

Num deles, em Frankfurt, o rabino foi testemunha de Herr Müeller. Testemunha de defesa.

Herr Müeller era um ser que a filosofia nazista transformara em alguém impiedoso e cruel.

Ele nunca fora amado. Em verdade, não era ele que mandava as pessoas para a câmara de gás. Era o regime.

Herr Müeller era um homem bom.

Desta forma se expressou o rabino, não por ter tido a sua vida salva, naquele momento inicial da seleção, mas por, como cristão, assim acreditar.

Herr Müeller foi condenado à pena de morte por enforcamento.

Ao ser retirado do tribunal, passando pelo rabino, o olhou. Dos seus olhos, escorreu uma lágrima e ele sussurrou:

Muito obrigado!

Ao influxo do amor do rabino, o coração de pedra se transformara. Voltara a ser homem. Sentir, emocionar-se, ante o afeto de alguém a quem ele, em essência, nada fizera.

domingo, 24 de novembro de 2013

Datas importantes



É comum, entre pessoas excessivamente ocupadas, esquecer datas importantes de suas vidas.

Quem elege como prioridade máxima o seu trabalho profissional, o voluntariado ou qualquer atividade a que se dedique, tende a esquecer o dia do aniversário do cônjuge, dos filhos, o aniversário de casamento etc.

Para quem convive com tais criaturas, e aguarda, com ansiedade, cumprimentos, uma surpresa, quiçá um mimo, uma flor, é decepcionante.

Por vezes, o dia, que deveria se revestir de alegrias e felicidade, se transforma em uma tragédia íntima, nem sempre exteriorizada.

Com o tempo, isso vai corroendo a relação matrimonial, filial, de amizade porque parece descaso ou indiferença a datas importantes.

Em se tratando de crianças, que esperam algo especial no seu dia de aniversário, dependendo de sua estrutura emocional, é difícil de se aquilatar os efeitos danosos.

Alguns indagam: É tão importante assim comemorar?

Se considerarmos que o fato de nos encontrarmos reencarnados neste planeta tem a ver com nosso crescimento espiritual, com nosso progresso, é extremamente importante se comemorar o dia em que abrimos os olhos na carne.

Tão importante, em verdade, que os benfeitores espirituais nos informam que, em tais datas, eles próprios, os responsáveis pela nossa guarda, por determinação Divina, comemoram conosco.

Foi, com emoção, que lemos a experiência de Viktor Frankl, em sua segunda noite no campo de concentração de Auschwitz.

Ele foi despertado do seu profundo sono de esgotamento, por música. O chefe do bloco comemorava alguma coisa, em seu compartimento, ao lado da entrada do barracão em que se encontrava detido Doutor Frankl.

Vozes embriagadas berravam canções populares. Era um alvoroço quase incômodo, ainda mais para quem era um prisioneiro, transferido para um dos piores campos de concentração ativos na Segunda Guerra Mundial.

Repentinamente, no entanto, se fez silêncio. Então, um violino começou a chorar uma canção de tristeza infinita. Uma música raramente tocada e ainda não gasta de tanto ouvir...

Chorava o violino e, dentro de si, chorava o psiquiatra prisioneiro. É que, naquele dia, alguém fazia vinte e quatro anos.

E esse alguém estava deitado em algum barracão do campo de Auschwitz, distante apenas algumas centenas ou milhares de metros dali.

De verdade, não importava a distância. Estava mesmo fora de alcance.

Esse alguém era sua esposa. E ele não a podia abraçar, nem beijar, nem tê-la junto ao coração que a amava, ao menos por alguns segundos e lhe sussurrar ao ouvido: Feliz Aniversário!

Ele nunca voltou a vê-la. Ela morreu no campo de concentração.

sábado, 23 de novembro de 2013

Carequinhas contra o Câncer infantil

Carequinhas contra o Câncer infantil










A campanha "Carequinhas contra o Câncer Infantil", desenvolvida pelo Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), quer mostrar que os personagens também podem ser carecas como as crianças em tratamento. 
A iniciativa pede que as pessoas troquem as fotos dos seus perfis nas redes sociais por personagens sem cabelos para apoiar os pequenos que tratam a doença. Há também diversos vídeos com os personagens, disponíveis no site.

Quando fala o amor



Meg não chorou quando o médico lhe disse que Kristi, sua filha de dois anos, era portadora de uma deficiência mental.

Ela vinha suspeitando há algum tempo, mas teimava não aceitar.

Não chorou naquele momento, nem nos meses que se seguiram.

Quando Kristi tinha idade para ir à escola, Meg a matriculou no jardim de infância do colégio do seu bairro.

Ela estava com 7 anos.

Meg ficou na escola, naquele primeiro dia, vendo sua Kristi numa sala cheia de crianças de 5 anos de idade.

E viu sua filha passar horas e horas brincando sozinha, uma criança “diferente” entre outras 20.

Mas nenhuma lágrima saiu de seus olhos.

Com o tempo, algumas coisas positivas começaram a acontecer entre Kristi e seus colegas de escola.

Quando eles se vangloriavam de suas proezas, sempre tinham o cuidado de também a elogiar.

“Kristi escreveu todas as palavras certas, hoje” – diziam. Ninguém mencionava que os exercícios dela eram muito mais fáceis do que os dos outros.

Os avanços de Kristi eram registrados pela turma, com entusiasmo.

Foi no segundo ano na escola que Kristi precisou enfrentar sua experiência mais desafiante. O grande evento do final do ano era uma competição em atividades de educação física.

Kristi estava muito atrás da turma em coordenação motora. No dia do evento, ela fingiu estar doente.

Meg quase teve vontade de deixá-la em casa. Mas, consciente da importância da filha vencer o medo, a colocou no ônibus da escola.

Depois, foi assistir a competição. Sentada no meio dos outros pais, sentia seu coração bater forte.

Quando chegou a vez de Kristi, Meg entendeu o que a preocupava. A classe estava dividida em times de revezamento. Com suas reações lentas e hesitantes, Kristi iria, com certeza, prejudicar o seu time.

A apresentação foi correndo bem, até chegar a hora da corrida de sacos. Cada criança tinha que entrar em um saco na linha de partida, pular até à linha de chegada, fazer o caminho de volta e sair do saco.

Meg observou a filha de pé, perto do fim da sua fila. Estava visivelmente assustada.

Entretanto, quando se aproximou o momento de Kristi participar da corrida, algo inesperado aconteceu. Uma troca de lugares, em seu time.

O menino mais alto da fila foi para trás de Kristi e a segurou pela cintura. Dois outros meninos ficaram um pouco à frente.

Quando chegou a vez dela, aqueles dois meninos pegaram o saco vazio e o abriram. O menino mais alto suspendeu Kristi e a colocou suavemente dentro do saco.

Uma menina à frente de Kristi a pegou pela mão e a sustentou brevemente, até perceber que ela recuperara o equilíbrio.

E, então, lá se foi ela, pulando, sorridente e orgulhosa.

Em meio às aclamações dos professores, os gritos dos colegas e pais dos alunos, Meg se afastou lentamente.

Agradeceu a Deus por aquelas pessoas calorosas e compreensivas que tinham tornado possível para sua filha deficiente agir como os seus semelhantes.

E, de emoção, pura emoção, Meg finalmente chorou.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Quando deixei de ver a lua



Num final de noite frio, de noite estrelada, um homem dirige seu carro pelas ruas da cidade.

No banco de trás ele carrega um tesouro: seu filhinho de dois anos de idade.

Parados no semáforo, ele observa que o filho está com o olhar fixado no alto, longe, para fora da janela.

Uma luz azul suave adentra o veículo, iluminando o rosto da criança, proporcionando uma beleza sem igual para o pai apaixonado.

Então, com aquela voz tenra, a voz pequena da descoberta das primeiras palavras, o filho diz: lua.

Sim, é mesmo! - diz o pai. É a lua! Que linda é a lua, não é, meu filho?

A criança nada responde, e continua observando, encantada, o satélite natural da Terra.

As crianças sabem que o belo precisa ser contemplado, e que qualquer palavra é pequena e insuficiente para descrevê-lo.

Após isto, o pai torna o olhar para fora também, e consegue observar a maravilha de uma noite enluarada de outono.

Consigo então pensa: Quando deixei de ver a lua?...

Lembrou-se que fazia muito tempo, desde a última vez que pôde contemplar o fulgurante brilho lunar.

Será que me esqueci da lua?... Ela certamente não esqueceu de mim, pois há pouco conversava com meu filho, em pensamento...

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A gaveta da identidade



Hoje, pela manhã, exatamente como um raio de sol, você entrou em meu quarto. Seu olá teve o som de uma sinfonia imortal para os meus ouvidos.

Esperei que você se aproximasse de mim, porque minhas pernas já não são tão firmes e tenho dificuldades para me manter em pé.

Você ficou à distância. Reclamou do cheiro de mofo e abriu amplamente a janela. Fiquei feliz porque sempre dependo de que alguém chegue e faça isso por mim.

Amo os dias de sol. Eles me recordam os dias felizes em que a memória não me traía tanto e eu podia me sentir útil, realizando pequenas tarefas no lar.

Com a voz fraca, tentei conversar. Mas acho que você deve estar com muitos problemas, porque traz a face enrugada e parece muito contrariado. Suas respostas foram curtas e secas e resolvi me calar, respeitando as suas preocupações.

Foi aí que você abriu a minha gaveta, aquela pequena da minha cômoda. Quanto lixo!, foi o que você disse.

Meu coração começou a saltar. Você estava mexendo no meu tesouro. Alegrei-me porque agora, pensei, poderia lhe falar do significado de cada uma daquelas pequenas joias.

A foto amarelada de seu avô e eu. Foi tirada durante nossa lua de mel. É em preto e branco. Mas eu recordo que o cravo na lapela do seu avô era vermelho e o meu vestido era estampado com flores miúdas coloridas.

Mas, o que você está fazendo? Não revire deste jeito as coisas da gaveta. Você poderá amassar a fita azul que eu usava nos meus longos cabelos. Ou então o papel de bombom que está aí. São tantas preciosidades.

Não, não é lixo! É minha vida. Não jogue fora.

Como não tenho com quem trocar ideias, nem quem me ajude a relembrar os dias vividos, que teimam em escapar da memória, sirvo-me dessas coisas antigas para avivar as recordações.

Elas são o diário da minha vida. A flor seca me foi dada por sua mãe, em criança, num feliz dia do meu aniversário. Ela perdeu o viço, o perfume mas encerra lembranças dos dias venturosos em que aguardava as crianças virem da escola, esperava meu eterno noivo retornar da fábrica.

Você estabelece o horário para eu comer, dormir, acordar. Não posso ter vontades, nem desejos atendidos.

Os meus sonhos, as minhas melhores realizações estão encerradas nesta gaveta. Os objetos que guardo me ajudam a lembrar que eu existo.

Não jogue fora minha identidade. Ela é feita de todas essas pequenas coisas que você chama de lixo e eu chamo Meu tesouro.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O garoto das meias vermelhas



Ele era um garoto triste. Procurava estudar muito. Na hora do recreio ficava afastado dos colegas, como se estivesse procurando alguma coisa.

Todos os outros meninos zombavam dele, por causa das suas meias vermelhas.

Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele só usava meias vermelhas. Ele falou, com simplicidade: No ano passado, quando fiz aniversário, minha mãe me levou ao circo.

Colocou em mim essas meias vermelhas. Eu reclamei. Comecei a chorar. Disse que todo mundo iria rir de mim, por causa das meias vermelhas.

Mas ela disse que tinha um motivo muito forte para me colocar as meias vermelhas. Disse que se eu me perdesse, bastaria ela olhar para o chão e quando visse um menino de meias vermelhas, saberia que o filho era dela.

Ora, disseram os garotos, mas você não está num circo. Por que não tira essas meias vermelhas e as joga fora?

O menino das meias vermelhas olhou para os próprios pés, talvez para disfarçar o olhar lacrimoso e explicou: É que a minha mãe abandonou a nossa casa e foi embora. Por isso, eu continuo usando essas meias vermelhas. Quando ela passar por mim, em qualquer lugar em que eu esteja, ela vai me encontrar e me levará com ela.

Muitas almas existem, na Terra, solitárias e tristes, chorando um amor que se foi. Colocam meias vermelhas, na expectativa de que alguém as identifique, em meio à multidão, e as leve para a intimidade do próprio coração.

São crianças, cujos pais as deixaram, um dia, em braços alheios, enquanto eles mesmos se lançaram à procura de tesouros, nem sempre reais.

Lesadas em sua afetividade, vivem cada dia à espera do retorno dos amores, ou de alguém que lhes chegue e as aconchegue.

Têm sede de carinho e fome de afeto. Trazem o olhar triste de quem se encontra sozinho e anseia por ternura.

São idosos recolhidos a lares e asilos, às dezenas. Ficam sentados em suas cadeiras, tomando sol, as pernas estendidas, aguardando que alguém identifique as meias vermelhas.

Aguardam gestos de carinho, atenções pequenas. Marcam no calendário, para não se perderem, a data da próxima visita, do aniversário, da festividade especial.

Aguardam...

São homens e mulheres que se levantam todos os dias, saem de casa, andam pelas ruas, sempre à espera de que alguém que partiu, retorne.

Que o filho que tomou o rumo do mundo e não mais escreveu, nem deu notícia alguma, volte ao lar.

São namorados, noivos, esposos que viram o outro sair de casa, um dia, e esperam o retorno.

Almas solitárias. Lesadas na afetividade. Carentes.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Falar com moderação



Você conseguiria distinguir se uma carroça está rodando cheia ou vazia, mesmo sem poder vê-la?

Essa foi a lição que o pai deu ao filho, numa tarde quente de verão, na tranquilidade da pequena fazenda.

Ele convidou o pequeno para ir ao bosque a fim de escutarem juntos o canto dos pássaros, no silêncio da mata.

Após ouvirem por longo tempo a sinfonia dos pássaros, dirigiram-se para uma clareira e o pai perguntou ao filho:

Você está ouvindo alguma coisa além do canto dos pássaros?

O filho apurou os ouvidos e depois de alguns segundos respondeu:

Estou ouvindo o barulho de uma carroça que deve estar descendo pela estrada.

Isso mesmo, disse o pai. É uma carroça vazia.

Mas como é que o senhor sabe que está vazia se não a podemos ver? Perguntou o garoto intrigado.

Ora, filho, é muito fácil saber que uma carroça está vazia, e sabe por quê?

Não, respondeu o filho.

O pai apoiou a mão no ombro do menino, olhou bem nos seus olhos e disse:

Podemos identificar que uma carroça está vazia pelo barulho que ela faz. Quanto mais vazia, mais barulhenta é.

O garoto, que certamente falava demais e sem pensar muito, logo entendeu a lição e jamais esqueceu que, quanto mais vazia, mais barulho faz a carroça.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Fale de Deus com seu filho



Era uma tarefa de escola, passada para crianças de seis e sete anos.

Cada um deveria, junto com os pais, observar o céu estrelado à noite e, depois, representar numa folha de papel o que viram e conversaram, através de desenhos e palavras.

Um desses meninos convidou seu pai para ajudá-lo. Ambos passaram alguns minutos olhando a noite e conversando, encantados.

Como é grande tudo isso, não é filho? E olha que grande parte dessas estrelas, galáxias e planetas, nem conseguimos ver assim, sem um telescópio.

O que é um telescópio, pai? – E a conversa seguiu por aí.

O menino fez diversas perguntas sobre o tamanho de Júpiter, sobre qual era a estrela mais brilhante e muitas outras coisas.

E você já pensou sobre quem fez tudo isso, filho?

Sim, pai, eu sei, foi Deus. Ele fez todas as coisas. Todo o Universo.

E que tal se colocarmos na sua tarefa de casa, junto aos seus desenhos dos planetas, uma pergunta, assim como: “Quem fez as estrelas?”

E depois, lá embaixo, bem grande, escrito: “Deus! Que tal?” Terminou o pai, super empolgado – quase querendo fazer a tarefa pelo filho.

Não, pai, não quero desse jeito. Quero deixar apenas a pergunta e fazê-la para minha professora e aos meus amigos. - A veia de filósofo do filho era bem maior que a do pai.

Tudo bem. Ótima ideia. Deixamos só a pergunta e você a faz em sala para ver o que seus amigos vão dizer.

Ao final do dia, o pai desejou saber como fora a apresentação da tarefa:

E aí, filho, como foi? Eles gostaram? Fez a pergunta?

Sim, pai.

O que eles disseram?

Nada.

Como, nada?

Não falaram nada, pai. Ninguém sabia a resposta. Só eu e a professora. – Falou o menino por fim, cheio de orgulho de si mesmo.

domingo, 17 de novembro de 2013

Falando ao oceano...



Algumas folhas de papel, caídas sobre a areia de uma praia pouco visitada, traziam as seguintes linhas:

"Quando abraço o oceano com o olhar, volto a questionar milhões de coisas, tantas quanto as ondas que ganham a areia.

Volto a questionar: Como alguém pode sentir-se só na presença do mar? Na presença desta brisa incessante? Na companhia deste perfume raro?!

Como ainda posso me sentir só, sabendo que os braços do Invisível me abraçam, que aqueles que partiram continuam existindo, e que todos nós, sem exceção, somos amados por alguém!? Como ainda posso me sentir só?

Talvez seja porque eu me isole do Mundo, e seja exigente demais com as pessoas. Pode ser isso.

Talvez seja porque eu não permita que os outros conheçam minha vida, meus sonhos, minhas dificuldades - acho que há um pouco de orgulho nisso.

Quem sabe seja porque eu procure a solidão, e não ela que me persiga, como eu imaginava.

É... talvez eu precise conversar mais com as pessoas, me interessar mais por suas vidas, ouvir.

Há tempos que não ouço alguém; um desconhecido relatando os acontecimentos corriqueiros do dia-a-dia; um colega de trabalho falando das peripécias de seus filhos.

Meus irmãos: há tempos não converso com eles sobre assuntos profundos, como planos para o futuro, lembranças boas do passado.

É curioso, pois lembro-me de que há algumas semanas ouvi uma mensagem de cinco minutos, num programa de rádio, que falava sobre isso, sobre como as pessoas se isolam umas das outras, e do quanto isto é prejudicial para a saúde mental e física, já que uma é conseqüência da outra.

O locutor dizia que ‘Quem ama não se sente só', pois está sempre se doando, se envolvendo com os corações mais próximos, na intenção de ajudar.

Dizia ainda que, quando nos sentimos úteis, e concluímos que muitos dependem de nossa dedicação, de nosso amor, também esquecemos da solidão.

Acredito que ele tenha razão, pois lembro que naquele dia fui visitar uns tios que não via há muito tempo, e aquela visita fez-me tão bem!

Falamos de assuntos comuns, como notícias de televisão, notícias da família, mas ao final saí de lá menos tenso, menos preocupado com a solidão.

Abracei minha tia, e a ouvi dizer, por entre lágrimas discretas: ‘Gostamos muito de você, viu? Venha mais vezes! Não é sempre que recebemos visitas!'

Ela está certa. Não é sempre que recebemos visitas, pois não é sempre que visitamos os outros, creio eu.

Naquela tarde, vi que poderia ser útil em pequenas coisas, e que aquilo me afastava um pouco da solidão.

Dentro do carro, voltando para casa, observando o movimento intenso nas ruas, lembro de fazer estas mesmas perguntas: Como pode alguém sentir-se só na presença de tanta gente, de tanta vida!?

Quantos desses corações esperam apenas por uma visita? E quantos deles estão dispostos a fazer uma?

E aqui está você, amigo oceano, à minha frente, ouvindo todas estas minhas divagações. Acho que foi sua presença, rei das águas, que me ajudou a entender melhor o que se passa em meu íntimo.

Agradeço profundamente por sua companhia, por conseguir me ouvir, e por me dizer, mesmo sem falar, que o que preciso fazer é visitar mais o coração de meu próximo.

sábado, 16 de novembro de 2013

Hexágono da Flor África na Feira do Livro em Pelotas







Apresento a vocês, a Cristina, Pintora, Artista como eu, dona do blog Gatitos pelo mundo e criadora de algumas telas, que usei como pano de fundo aos meus crochets, vejam aqui e aqui.

Ótimo encontro, com boa conversa e Café em uma doceria com vários doces de Pelotas, é claro...


A faixa preta

Depois de incansáveis anos de treinamento, um disciplinado aluno de artes marciais viu-se diante do mestre para receber a faixa preta.
“Antes que lhe dê a faixa você terá de passar por um outro teste”, avisou o mestre.
“Estou pronto.” Respondeu o aluno.
“Você precisa responder a uma pergunta essencial. Qual é o verdadeiro significado da faixa preta?”
O jovem respirou fundo e disse: “Ela representa o fim de minha jornada. Será uma recompensa merecida por meu bom trabalho.”
O mestre esperou um pouco.
O jovem percebeu que o professor não estava satisfeito.
O silêncio que constrangia o jovem foi quebrado por novas palavras do mestre: “Você não está pronto para receber a faixa preta. Volte daqui um ano.”
Desapontado o aluno partiu.
Um ano depois, ajoelhou-se novamente na frente do mestre.
“Qual é o verdadeiro significado da faixa preta?” – repetiu a pergunta o professor.
“É o símbolo da excelência e o nível mais alto que se pode atingir em nossa arte”, respondeu o jovem.
O mestre permaneceu em silêncio.
O aluno percebeu que outra vez sua resposta não fora satisfatória.
Por fim, disse o professor:
“Você ainda não está pronto para a faixa preta. Volte daqui a um ano.” Resignado o aluno partiu.
Um ano depois voltou a ajoelhar-se diante do mestre.
Mais uma vez foi-lhe feita a pergunta: “Qual é o verdadeiro significado da faixa preta?”
O aluno respirou fundo e respondeu: “A faixa preta representa o começo. É o início de uma jornada sem fim de disciplina, trabalho e busca por um padrão cada vez mais alto.”
O mestre sorriu e disse: “Agora você está pronto para receber a faixa preta e iniciar o seu trabalho.”

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A fada do mármore

Possivelmente poucos têm notícias de que Sócrates, o filósofo grego, era também escultor. De um modo geral, todos o conhecem como o mestre de Platão. O precursor das idéias cristãs.

Mas ele era também um escultor muito bom.

Um dia, ele recebeu um pedido da prefeitura de Atenas para esculpir em mármore a estátua de uma fada, que deveria ser colocada em um bosque, próximo de uma fonte.

Sócrates aceitou a encomenda. Tratou logo de providenciar um bloco de mármore branco e se pôs a trabalhar.

Durante algum tempo ficou olhando para o imenso bloco branco. Mentalizou, idealizou intensamente a estátua e, então, colocou mãos a obra.

Empunhou o martelo e foi desbastando a pedra. Lascas enormes voavam para um e outro lado da sua oficina.

Mais tarde, ele largou o martelo e os outros instrumentos pesados, rústicos, e empunhou ferramentas mais leves como o cinzel.

Para o acabamento da estátua serviu-se de uma pedra esmeril, com muita delicadeza.

Finalmente, a estátua ficou pronta para admiração do povo.

Era a figura de uma jovem esbelta, como os antigos concebiam as divindades dos bosques e das águas. Seu aspecto era tão leve que ela parecia flutuar no ar. E, no entanto, era toda de mármore.

Ante os elogios do povo, Sócrates explicou que ele verdadeiramente não esculpira a estátua.

Quando olhara o bloco de mármore, ele vira que a ninfa das águas estava pronta, dentro dela.

O que fiz, dizia, foi simplesmente retirar o excesso de pedra que a cobria e descobri-la para os olhos de todos.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Faces da verdade (As)



As crianças tagarelavam animadamente enquanto a professora preparava a sala para começar a atividade do dia.

Em silêncio, ela arrumou as cadeiras das crianças e a sua própria em círculo e no meio colocou uma caixa forrada com um papel bastante colorido.

Sua atitude despertou a curiosidade dos alunos que, sentados em círculo, pouco a pouco, pararam de conversar, interessados no que poderia haver ali.

Afinal, era um objeto diferente.

Embora originariamente tivesse sido uma simples caixa de sapatos, foi tornada especial e interessante pelo papel colorido que a forrava e pelos variados desenhos que cobriam todos os lados.

Cada um de vocês, sem sair do lugar onde está, nem falar com os colegas, deverá relacionar os desenhos que veem estampados na caixa. Orientou a professora.

Em silêncio, os alunos passaram a anotar em uma folha o que conseguiam ver.

Logo em seguida, a professora pediu para uma das crianças:

Leia, por favor, o que você vê desenhado na caixa.

Há uma bola, um lápis e uma flor amarela. Respondeu prontamente uma garotinha.

Passando a olhar para a criança que estava exatamente na frente daquela que havia falado, a professora perguntou:

A sua lista coincide com a de sua colega?

Não. Respondeu um pouco desconfiado o menino a quem havia sido dirigida a palavra. Eu vejo desenhados na caixa um pião, um carrinho e uma laranja.

Pois, bem. disse a professora, olhando para os demais alunos. Quem dos nossos colegas está com a razão?

E um grande burburinho se estabeleceu.

As crianças começaram a falar simultaneamente, cada qual dizendo o que via, o que não coincidia com o que os demais falavam.

Passado apenas um instante, a professora reassumiu a palavra, pedindo silêncio e explicando a questão.

Imaginem que a caixa que vocês estão vendo é a verdade.

Cada qual consegue apenas visualizar um ângulo da caixa.

Não é possível saber o que o colega que está sentado à sua frente pode ver.

Tampouco qualquer de vocês sabe qual é o desenho que há na parte debaixo. Disse ela, erguendo a caixa e mostrando que, também na parte inferior, havia uma bela figura estampada.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Faça seu tempo feliz



Se você caminha pelas estradas terrenas, cotidianamente, percebe o quanto costumam ser negativas, pessimistas ou depressivas as expressões da vida de cada um.

As falas diversas dos seus interlocutores, se é que você mesmo não se enquadra nesse rol de negativas e de negatividades.

Jamais, ou poucas vezes, acha-se alguém com entusiasmo pela existência, expressando tal entusiasmo.

Poucos bendizem as horas no corpo físico, com todos os seus acontecimentos a facultar crescimento amplo ou diminuto.

Abrem-se os comentários da vida, habitualmente, pelas afirmativas de que as coisas em torno estão muito ruins, quando menos, diz-se que as coisas estão mais ou menos.

É de costume a pessoa lamentar-se pelos familiares que não são carinhosos, que não são atenciosos, que não são dedicados.

De outro modo, fala-se que estão doentes, que são doentes, que são maus.

Vêem-se as conjunturas políticas e sociais do mundo com tamanho pessimismo, que costuma-se asseverar que “não há mais jeito”; “que tudo vai de mal a pior”; “nesse campo ninguém presta”.

Os amigos são para esses negativos, verdadeiros traidores, que não merecem a sua amizade; comenta-se que, em toda parte, o mal vai tomando dianteira.

Se o assunto é vício, drogas etc. Ouvem-se falas como “ninguém escapa”; “todo mundo usa”; “é uma calamidade”.

O trabalho profissional é chato, cansativo, expiatório, e, então, para que trabalhar?



Todavia, vale a pena meditar um pouco sobre tudo isso.

Pare um pouco e pense sobre a sua vida, seus objetivos.

Melhore o nível psíquico do seu dia-a-dia. Você não precisa ser deficiente intelectual diante dos fatos do mundo.

Porém, mesmo sabendo das coisas equivocadas que se passam no mundo a sua volta, procure extrair o melhor de cada dia.

Tente observar as coisas boas, bonitas, formosas que estão acontecendo ao seu derredor.

Você pode atrair bênção ou tormentos, luz ou sombra, tristeza ou alegria. Só depende da sua própria disposição.

Aprenda a extrair o que há de melhor na terra, ao redor dos seus passos.

Busque fazer o seu dia brilhante, feliz, inaugurando, onde se move, o regime de otimismo, de alegrias.

Trabalhe de tal maneira que a sua sensibilidade seja passada a todas as pessoas que estão ao seu redor.

Entusiasme-se com a sua saúde e a dos seus.

Sorria, a cada manhã, com o passeio do sol nas avenidas azuis do céu...

Agradeça ao Senhor supremo pela família, pela saúde, pelas chances de estudar, de trabalhar, sem maiores problemas.

Erga a sua oração ao Criador e, sintonizando nas faixas felizes do bem, transforme a sua existência no mundo físico num campo de muito boas realizações.

Faça do seu dia um dia venturoso, realizando a sua parte para que todo o mundo melhore, se aprimore, com um pouco do seu esforço.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Escola ESFA visita a feira do livro em Pelotas

Escola ESFA visita a feira do livro em Pelotas
Laura e o Trio parada dura

Laura muito bem ambientada, com amigos e livros e nada mais.
Lendo poesia do Projeto social.

Laura, Bruna, Anelise e Nicole

A professora Michele (centro) e a Laura com alguns de seus coleguinhas muito queridos.

A escola que a  minha Laura estuda, a ESFA - Escola São Francisco de Assis, visitou a feira do Livro que está acontecendo na minha cidade, no Mercado Central (lugar que não agradou nada) e estou postando aqui, como um incentivo as escola para prestigiarem este tipo de evento, oferecendo a seus alunos uma imersão literária, que como esta, irá ser muito positiva.

Ainda, com livros e nada mais, esperando o café.

The school that my Laura studies, the EFSA - St. Francis of Assis School, visited the Book Fair that is happening in my city, in Central Market (place not pleased at all) and I'm posting here, as an incentive for the school sanctioning this kind of event, offering its students a literary immersion, which, as this will be very positive.

Dar graças por tudo



O Apóstolo Paulo, com sua lucidez inconfundível, recomendou que devemos dar graças a Deus por tudo o que nos acontece, tanto pelas coisas boas como pelas que nos pareçam ruins.

Talvez seja por esse motivo que um certo homem agia sempre dessa maneira. Agradecia por tudo, e tinha a certeza de que Deus sempre o protegeria.

Um dia ele saiu em uma viagem de avião. Durante a viagem, quando sobrevoavam o mar, um dos motores falhou e o piloto teve que fazer um pouso forçado no oceano.

Quase todos morreram, mas o homem conseguiu agarrar-se a alguma coisa que o conservasse em cima da água.

Ficou boiando à deriva durante muito tempo até que chegou a uma ilha não habitada. Ao chegar à praia, cansado, porém vivo, agradeceu a Deus por tê-lo livrado da morte.

Naquele lugar deserto ele conseguiu se alimentar de peixes e ervas. Derrubou algumas árvores e, com muito esforço, construiu uma cabana. Não era bem uma casa, mas um abrigo tosco, com paus e folhas, que significava proteção.

Ele ficou todo satisfeito e mais uma vez agradeceu a Deus, porque agora podia dormir sem medo dos animais selvagens que talvez existissem na ilha.

Um dia, ele estava pescando e quando terminou, havia apanhado muitos peixes. Assim, com comida abundante, estava satisfeito com o resultado da pesca e mais uma vez agradeceu ao Criador.

Porém, ao voltar para sua humilde cabana, qual não foi sua decepção, ao ver que sua morada estava pegando fogo.

Sentou-se em uma pedra chorando e dizendo em prantos:

Deus! Como é que o Senhor podia deixar isto acontecer comigo? O Senhor sabe que eu preciso muito desta cabana para me abrigar, e a deixou se acabar em cinzas.

Deus, o Senhor não tem compaixão de mim?

Naquele mesmo instante uma mão pousou no seu ombro e ele ouviu uma voz dizendo:

Vamos, rapaz?

Ele se virou para ver quem estava falando com ele, e qual não foi sua surpresa quando viu à sua frente um marinheiro todo fardado dizendo:

Vamos logo, rapaz, nós viemos buscá-lo.

Mas, como é possível? Como vocês souberam que eu estava aqui?- Falou o homem surpreso.

Ora, amigo, falou o marinheiro, vimos os seus sinais de fumaça pedindo socorro. O capitão ordenou que o navio parasse e me mandou vir buscá-lo naquele barco ali adiante.

Os dois entraram no barco e assim o homem foi para o navio que o levaria são e salvo de volta para os seus queridos.

Já em segurança, o homem agradeceu uma vez mais a Deus e pediu perdão pela falta de confiança na Sua providência e misericórdia.

O que acham do meu Naninha Cachorrinho?