Há tantos tipos de fios para tricô, que a escolha se torna difícil. O melhor método é fazer a seleção de acordo com o modelo que se pretende confeccionar. A partir daí, os problemas relativos à qualidade do fio e à cor podem ser resolvidos com maior facilidade.
Às vezes é difícil, até mesmo para uma pessoa experiente, determinar à primeira vista a composição de um fio de tricô. Há inúmeras misturas e técnicas de acabamento. Só uma análise em laboratório permite indicar a composição exata de um fio. Por esse motivo, aconselhamos escolher sempre um fio cuja marca e qualidade sejam garantidas. Os principais fios para tricotar são:
Fios de lã
Todos os fios desse tipo provêm da lã de ovelhas e carneiros. As lãs que apresentam melhor qualidade são a extraída dos carneiros da raça merino, oriundos da Austrália, e s proveniente de um cruzamento de raças criadas sobretudo na América do Sul e na Nova Zelândia. É preciso distinguir-se três qualidades de lã: a tosquiada, obtida diretamente do animal e que é a mais valiosa; a morta, retirada depois de abatido o animal; e a de sobras, produzida a partir de restos de lã fiada ou tecida e que é considerada inferior em qualidade. São conhecidos dois métodos de fiar. O primeiro consiste em pentear a lã de forma a eliminar as fibras mais curtas e, conseqüentemente, de menor valor. No segundo método, a lã é apenas cardada, conservando-se todas as fibras, sem lavar em consideração o comprimento. Nos dois casos, as fibras são torcidas, de modo a produzirem apenas um fio. Apesar do grande aperfeiçoamento das técnicas para a fabricação de fios artificiais, a notável qualidade dos fios de lã continua insuperável. Aquilo que, geralmente, é conhecido como “lã pura” deve ser composta pelo menos de 95 por cento de lã de ovelha ou de fibras naturais da mesma qualidade. As fibras conhecidas apenas por “lã” podem ter uma mistura de aproximadamente 30 por cento de outros materiais. E, finalmente, a “lã misturada” deve conter entre 50 e 70 por cento de lã pura.
Fios de lã especial
Geralmente esses fios são confundidos com a lã normal, embora sejam provenientes de outros animais. Excetuando-se a lã mohair, os fios de lã especial são mais caros do que os de lã de ovelha, porém, via de regra, são mais macios e atraentes, embora menos elásticos.
Os tipos conhecidos são:
A alpaca- esta lã é extraída dos lhamas, animais da família dos camelos, que habitam na América do Sul. A fibra de melhor qualidade é fornecida pela espécie “suri”. Trata-se de uma fibra macia, elástica e resistente. Os fios para tricô só contêm esta lã em pequena quantidade.
O angorá- esta lã é obtida a partir do coelho angorá, criado sobretudo na França e nos Estados Unidos. A lã angorá é particularmente leve e macia. Misturada com lã de ovelha, seda, fibras artificiais ou algodão, ela se torna bem mais resistente. Isola muito bem o frio e é utilizada principalmente para a confecção de gorros, luvas e cachecóis.
A caxemira – é fabricada a partir do pêlo de uma cabra asiática. Como em Caxemira, uma província da índia, são fabricados lenços delicados utilizando-se essa lã , ela passou a ser conhecida por esse nome. A lã de caxemira é muito cara, uma vez que apenas uma pequena parte das fibras (cerca de 20 por cento) pode ser fiada. É muito macia e, quando fiada em conjunto a outras fibras, confere maciez e calor.
O mahair – é obtido a partir da ovelha-angorá, criada sobretudo no Texas. Essa lã pode ser fiada simplesmente ou misturada com lã comum ou fibras sintéticas. A variedade mais valiosa é a que se compõem de fibras de machos jovens (kimohair) e lã de cordeiros com menos de um ano de idade. Os mahair é uma das fibras mais empregadas na fabricação de fios para tricô.
A vicunha – é a lã mais preciosa do mundo e, por esse motivo, também a mais cara. É empregada apenas em trabalhos delicados. É extraída da vicunha, um animal existente na América do Sul, pertencente à família do lhama. Na época os incas,apenas os reis e os príncipes tinham o direito de se vestir com tecidos feitos come essa lã. A quantidade obtida na tosquia de cada animal não ultrapassa 250 gramas. A alpaca, o angorá, a caxemira e a vicunha são encontrados principalmente na Europa.
Fios de algodão -Ao contrário dos fios anteriormente mencionados, o algodão é uma fibra vegetal proveniente dos filamentos da semente dessa planta. O algodão de melhor qualidade é cultivado na Estados Unidos e no Egito. As fibras de algodão bruto são limpas, penteadas e estiradas, e, uma vez torcidas, dão origem ao fio de algodão, cujo brilho se deve ao processo de mercerização (imersão numa solução de soda cáustica). De um modo geral, não só o fio de algodão é utilizado para trabalhos de tricô, mas também as misturas, como, por exemplo, a de algodão e fibras artificiais. Fios desse tipo são muito adequados para a confecção de roupas de crianças, que necessitem serem lavadas com freqüência e em temperaturas elevadas.
Fibras sintéticas - É cada vez maior a importância das fibras sintéticas como material utilizado em atividades manuais. Isso é válido tanto para as fibras sintéticas “clássicas”, como a lã celulósica e o reyon, fabricados a partir de substâncias naturais (por exemplo, a celulose) e de produtos animais e vegetais albuminosos, quanto para as fibra de origem totalmente artificial, conhecidas no mercado sob a designação de náilon e crylor. As duas variedades podem ser utilizadas de devidamente preparadas e misturadas, em praticamente qualquer trabalho de tricô. As fibras do tipo orlon também são utilizadas sem qualquer mistura, o que geralmente não acontece com as outras fibras – nesses casos, imperam as misturas de diversas qualidades de fibras sintéticas, ou destas com a lã, em que as porcentagens variam de acordo com a solidez, a durabilidade e a resistência à lavagens pretendidas.
Linho e seda- O fio de linho é obtido a partir das longas fibras dessa planta, constituindo um fio para costura particularmente resistente. É utilizado em trabalhos de tricô, misturado a fibras sintéticas, principalmente àquelas que apresentam borbotos e que são usadas para a confecção de roupas leves – os chamados “tricôs de verão”. Na Idade Média faziam-se meias com fios de seda natural (produzidos pelo brilho da seda). Atualmente, utiliza-se a seda artificial para trabalhos de tricô delicados, como certas toalhas rendadas e outras peças desse tipo.
Conselhos para escolha do fio para tricô
É possível fazer tricô com qualquer tipo de fio; até mesmo com ráfia ou fitas. A escolha da qualidade do fio depende, evidentemente, do trabalho que se deseja executar. Naturalmente, para um pulôver de verão, você irá utilizar um tipo de fio totalmente diferente do que usaria para um casaco de frio. Para a confecção de um casaco resistente, o material mais apropriado é a lã pura de ovelha; para um cachecol elegante, a finura da lã mohair; e para roupinhas de bebê, as lãs delicadas, especialmente fabricadas para esse fim. Portanto, na hora da escolha da lã, você deve ter sempre em mente a peça que deseja executar. A partir daí será fácil escolher o peso e a espécie de fio a ser utilizado. Geralmente, a maioria dos modelos apresentados nas revistas vem acompanhada de indicações precisas. Se você tiver qualquer dúvida, procure orientação nas lojas especializadas.
A grossura dos fios para tricô
A proteção contra o frio fornecida por uma determinada peça de vestuário depende, antes de mais nada, do modo como o fio foi fiado e depois tricotado. Em geral, uma lã grossa muito torcida e trabalhada num ponto apertado não protege tão bem do frio quanto uma lã mais leve e felpuda tricotada num ponto mais solto. São as seguintes as características e o modo de emprego das qualidades mais importantes dos fios para tricô:
Fios muito finos – são apropriados para roupas de crianças, cachecóis, meias, luvas e todos os tipos de tricôs rendados e trabalhados com agulhas finas. A lã utilizada nas roupinhas de bebê deve ser macia, a fim de não irritar a pele. Deve também poder ser lavada com facilidade, sem que encolha. Existem fios de lã especialmente fabricados com essa finalidade.
Fios médios – são utilizados em todos casos em que não seja indicado empregar lãs finas ou grossas, e, por esse motivo, preferidos para a confecção de agasalhos, pulôveres, meias, luvas, cachecóis e outras peças para uso de adultos. As lãs desse tipo geralmente são constituídas por três fios, e são também as que apresentam maior variedades de cores e texturas. Nas peças de uso normal, utiliza-se o fio penteado, empregado nas peças das quais se espera uma maior resistência. Também é possível obter excelente resultados com a utilização de uma mistura de lã e fibras sintéticas.
Fios para trajes esportivos - são penteados. Para esse tipo de roupas (casacos, pulôveres, meias), geralmente necessita-se de fibras mais resistentes do que dos fios de grossura média.
Fios grossos – esta lã, torcida com quatro ou mais fios, é do tipo penteado. É usada para a confecção de roupas mais quentes (saias, vestidos, casacos). Também é encontrada em mistura com outras fibras e com três ou quatro fios de cores diversas.
Fios muito grossos- são apropriados para a confecção de roupas utilizadas nos esportes de inverno ou em épocas muito frias. Freqüentemente, trata-se de fios pouco torcidos ou de fios de fantasia com aspecto irregular, embora às vezes também possam se apresentar muito torcidos.
Fios de lã mohair – são particularmente leves e elegantes, sendo fabricados com mais variadas misturas, e aspectos os mais diversos.
Conselhos para a compra de fios de lã
O preço dos fios de lã para tricô depende não só da qualidade do material, como também do tipo de tingimento empregado. Além disso, influem igualmente no preço certas qualidades, como a sua capacidade ou não de desfiar, desbotar ou encolher.
Por Maria Eugenia Pereira .