Estava no auge de minha carreira ou muito perto disso.
Estava com pouco mais de vinte anos e havia conseguido um trabalho em uma empresa multinacional.
De repente, meu salário havia dobrado.
E não somente meu salário, mas benefícios também: plano de saúde com ampla cobertura,
plano de aposentadoria e participação de um por centos nos lucros da empresa com base no meu salário,
que, por sua vez, era revisado anualmente.
Eu vinha de uma empresa pequena e de cara, me sentia no topo do mundo.
Meu chefe imediato tinha alguns anos a mais de experiência.
Meu trabalho era minha paixão e com paixão eu me dedica a ele.
Devido à minha juventude, capacidade para o trabalho e o que eu havia aprendido no trabalho anterior,
logo passei a me destacar.
Por vezes, ouvia alguns dos gerentes – norte-americanos em sua maioria – mencionarem que eu era mais inteligente
que meu chefe, o que, em maior ou menor grau, eu acreditava.
O futuro não poderia parecer melhor para mim.
Comecei a ser enviado para seminários de treinamentos em várias filiais da empresa nos EUA:
Nova York, Filadélfia, Houston, Carolina do Sul e Califórnia.
Fui nomeado para projetos locais e dos EUA.
O que mais eu poderia pedir?
Estava acostumado a trabalhar desde adolescente e a trabalhar enquanto fazia minha carreira.
Longas jornadas de trabalho não eram incomuns, mas eu pensava que tudo valia a pena.
Agora, podia começar a ter os luxos dos quais havia me privado.
Calculava que em pouco tempo, teria um apartamento de solteiro na praia,
onde teria carta branca para todos os meus desejos e amores.
Para mim, Deus era um ser impessoal e distante, com o qual me encontraria quando morresse.
Depois de tudo e tanto dinheiro, não precisava de nada d’Ele.
De repente, minha situação mudou.
Um dia acordei com algo desagradável na vista.
Via umas manchas em meu olho direito, como se houvesse “flocos”
dentro dele que interferiam na minha visão, dificultando para ler, dirigir e até caminhar.
O primeiro oftalmologista que consultei me disse que eram “moscas volantes”
resultantes de um desprendimento da capa que cobre a retina e que teria que me acostumar a elas.
Não poderia fazer nada e havia a possibilidade delas aumentarem.
Obviamente, não me contentei com esta opinião e passei a visitar outros oftalmologistas
e especialistas de retina, sempre com a mesma resposta.
Sem saída, fiquei muito deprimido.
Podia apenas fazer meu trabalho e o que precisava ler, tinha grande dificuldade.
O pior era que as moscas volantes aumentavam em número, tornando-me cada vez mais incapaz
de fazer coisas rotineiras.
Minha vida mudou radicalmente.
Tornei-me arisco e solitário.
Não encontrava uma saída.
Um amigo cristão me convidou à sua igreja.
Tinha ouvido com ceticismo sobre saúde nestas igrejas.
Não estava muito convencido, mas buscava a saúde e após várias visitas,
fui para frente, chorando e pedindo a Deus que me curasse.
Mas nada passou.
Comecei a orar muito e dedicava todo meu tempo livre à oração, sempre pedindo saúde a Deus.
Porém, a saúde não chegou.
Estava cada vez mais deprimido, mas tentava continuar com a minha vida normal,
o que na verdade eu não conseguia.
Eu não saía mais com meus amigos do trabalho.
Nem sequer assistia televisão.
Apenas ouvia emissoras cristãs de rádio e apesar disso, não tinha vontade de fazer nada
e me afundava em uma profunda depressão.
O clímax da crise foi quando minha irmã pediu que eu verificasse o ar condicionado
no telhado da sua casa de dois andares, que não esfriava
(nesta época, ainda morava em sua casa).
Subi no telhado de sua casa de dois andares e quando procurava o interior do ar,
percebi algo terrível.
As manchas que eu tinha no meu olho direito apareceram no esquerdo também,
porém maiores e tapando a visão.
Senti que ia desmaiar.
Me senti totalmente acabado.
Agora estava totalmente incapacitado.
Não podia mais aguentar.
Sentia uma voz dentro de mim que dizia “já era” e “acabe com isso, jogue-se de cabeça no chão”.
Enquanto ouvia a voz que me dizia para me jogar, me aproximava da beirada do telhado
com a intenção de fazê-lo; já na beirada e com vontade de fazer o que a voz me dizia, algo me deteve.
Era como se alguém com mãos enormes me segurasse e me fizesse descer de maneira automáticas pelas escadas.
Depois entrei na casa e enquanto caminhava pela cozinha, sem saber o porquê, levei as mãos aos olhos
fechados e tocando minhas pálpebras, repeti o que tinha ouvido na igreja,
com base na forma que Jesus repreendia as doenças:
“Doença, qualquer que seja seu nome, te repreendo no nome de Jesus”.
Imediatamente, com os olhos fechados e os dedos sobre as pálpebras,
comecei a ver centenas de luzes brilhantes e brancas como se fossem centenas de flashes fotográficos.
Primeiro me assustei, porém logo veio um sentimento de paz e me deitei, profundamente adormecido.
Logo acordei, sem lembrar o que havia acontecido.
Não sei quanto tempo passou até notar que as manchas do meu olho esquerdo haviam desaparecido.
Foi aí que eu percebi que um milagre havia acontecido.
As primeiras manchas que haviam aparecido no olho direito ainda estavam lá,
mas em menor escala; entretanto, a depressão por elas havia desaparecido por completo.
Agora estava completamente convencido que quem havia me curado do olho esquerdo
tinha o poder para fazer o mesmo no outro olho a qualquer momento.
Descobri que Deus era real.
Que não é um ser alheio a nós e nossas necessidades, nem um Deus que só veremos ao morrer,
mas sim um Deus que intervém em nossa vida, aqui e agora quando
O buscamos em espírito e de verdade, um Deus que conhecia de ouvir,
mas agora literalmente meus olhos haviam O visto.
“Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas agora te vêem os meus olhos.” Jó 42:5