quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Um braço amigo



Aquela era uma noite como outra qualquer para aquele moço que voltava para casa pelo mesmo roteiro de sempre, há três anos.

Ele seguia tateando com sua bengala para identificar os acidentes do caminho, que eram seus pontos de referência, como todo deficiente visual.

Mas, naquela noite, uma mudança significativa havia acontecido no seu caminho: um pequeno arbusto, que lhe servia de ponto de referência e estava ali pela manhã, fora arrancado.

A rua estava deserta e ele não conseguia mais encontrar o rumo de casa. Andou por algum tempo, e percebeu que havia se afastado bastante da sua rota, pois verificou que estava numa ponte sobre o rio que separa a sua cidade da cidade vizinha.

Era preciso encontrar o caminho de volta. Mas como, sem o auxílio da visão?

Começou a tatear com sua bengala, quando uma voz trêmula de mulher lhe indagou:

O senhor está encontrando alguma dificuldade?

Acho que me perdi. - Respondeu o rapaz.

Foi o que pensei. - Comentou a mulher.

Quer que o acompanhe a algum lugar?

O rapaz lhe deu o endereço e ela, oferecendo-lhe o braço, o conduziu até à porta de casa.

Não sei como lhe agradecer. - Falou o moço.

Eu é que lhe devo um sincero agradecimento. - Respondeu ela, já com voz firme.

Não compreendo. - Retrucou o rapaz.

E a jovem senhora então explicou:

Há uma semana meu marido me abandonou. Eu estava naquela ponte para me suicidar, pois geralmente àquela hora está deserta.

Aí encontrei o senhor tateando sem rumo e mudei de ideia.

A mulher disse boa noite, agradeceu mais uma vez, e desapareceu rua abaixo.

O que acham do meu Naninha Cachorrinho?