Há cerca de cinquenta anos, um discurso tornou-se célebre no ambiente de rádio e telejornalismo americanos.
Tratava-se da fala do âncora Edward Murrow sobre rádio e televisão.
As transmissões de TV ainda davam seus primeiros passos, e traziam à tona muitas discussões no que dizia respeito à programação, e ao objetivo dessa nova mídia na época.
Na ocasião, o jornalista da rede CBS falou a uma grande plateia de membros e diretores das principais empresas do setor, nos Estados Unidos.
Afirmou que, se dentro de meio século, historiadores analisassem vídeos das grandes redes americanas, encontrariam provas da decadência, escapismo e alienação das realidades do mundo que vivemos.
No discurso, que ficou conhecido como Cabos e luzes em uma caixa, Murrow expressava receio de que o poder do rádio e da TV fosse usado de maneira danosa à sociedade e à cultura.
Especialmente sobre a TV, ele foi ainda mais fundo.
Disse ele: Este veículo pode ensinar, iluminar. Sim, pode até inspirar. Mas só pode fazê-lo se os seres humanos estiverem determinados a usá-lo para estes fins.
De outro modo – acrescentava ele – são meramente cabos e luzes em uma caixa.
O âncora ainda acrescentou: Há uma grande batalha e talvez decisiva, a ser travada contra a ignorância, a intolerância e a indiferença. Esta arma, a televisão, poderia ser útil.