sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A Mensagem no Quadro-negro Mágico

Todos os lugares da sala de espera do Departamento de Trânsito estavam ocupados
enquanto eu aguardava para renovar minha carteira de motorista.


Crianças de todas as idades andavam de um lado para o outro, explorando o local, da mesma
forma que meus filhos pequenos.
Na época, Lillian era bebê de colo (apesar de nunca parar no colo), e Matthew tinha quatro anos
e já estava começando a escrever algumas palavras.


Ele nunca saía de casa sem levar seu quadro negro mágico.
E aquela manhã não foi diferente.


Incentivei meu filho, um pouco tímido, a dirigir-se ao centro de uma sala onde havia várias crianças,
brincando com uma pilha de livros e alguns joguinhos.
Matthew foi até lá, arrastando seu quadro negro mágico.


Uma criança mais nova estava virando as páginas de um livro colorido, pelo qual Matthew
passou a se interessar.
Instantes depois, meu filho arrancou o livro da mão da criança e começou a folhear as páginas
coloridas do livro, deixando o garotinho sem ter com que brincar.


Até aquele momento, eu me limitei a observar o desdobramento do pequeno drama.
Mas agora era chegado o momento de entrar em cena.


- Matthew! - eu disse em voz baixa, porém fire. - O que você fez não foi bonito.
Peça desculpas ao garotinho e devolva o livro a ele imediatamente.


Com ar de desolação, Matthew esticou o braço para devolver o tão precioso livro
ao garotinho, que reagiu como qualquer outra criança daquela idade reagiria, dizendo
algo parecido com " Odeio você!" e se afastou correndo.


Agora Matthew estava realmente desolado; havia aborrecido sua mãe e deixara um menino 
zangado com ele.
Matthew sentou-se, por alguns instantes, olhando para um ponto fixo enquanto raciocinava rápido.


Em seguida, pegou o quadro negro, escreveu alguma coisa nele e, sem dizer nada, levantou-o para
que a outra criança o visse.
O garotinho não lhe deu atenção, é claro, porque não sabia ler.


Mas eu sabia. "Sinto muito", ele havia escrito. Tão simples! Tão profundo!
Matthew não conseguiu proferir as palavras, mas as escreveu.
Ao ver que o garotinho não reagiu conforme o esperado, Matthew levantou o quadro negro outra vez,
com uma expressão de súplica no rosto.
Mas nada adiantou.


As outras mães que estavam na sala começaram a observar o silencioso menino de quatro anos, cabelos
cor de trigo, segurando um quadro negro onde se lia:


"Sinto muito".
Não fui a única a piscar os olhos para conter as lágrimas.

O que acham do meu Naninha Cachorrinho?