Esta época é diferente mesmo, não lhe parece?
Um misto de melancolia e paz toma de assalto a humanidade...
Fazemos coisas, praticamos atos, temos pensamentos tão distintos daqueles que nos são corriqueiros...
Parecemos, mesmo, outras pessoas...
Olhamos nossos irmãos com afeto, vemo-los, realmente, como seres humanos, como companheiros de jornada.
Abrandamos nosso coração, repensamos nossos atos, agimos com mais serenidade e moderação.
O amor, esta pérola divina, nos acalenta, por um fugaz instante, o coração.
A humanidade parece despertar para seu destino superior.
Virado o ano, vira-se, também, a página.
Voltamos todos a mesma postura de frieza e indiferença.
Revestem-se os homens, novamente, da carapaça da hipocrisia, da falta de afeto, do ódio, do orgulho e da vaidade.
POR QUÊ?
Porque nosso estágio evolutivo não nos permite vislumbrar a ventura de sermos bons, todo o tempo.
Não temos, ainda, a capacidade de compreender que, ao praticar um ato de caridade desinteressada, estamos beneficiando muito mais a nós mesmos, do que ao nosso próximo.
Não conseguimos alcançar, na plenitude, o significado da palavra amor.
Porém, o espírito natalino, que nos arrebata nesta época, fornece-nos dele uma pequena amostra.
A nós, cabe beber desse cálice até a última gota. Sorver, com sofreguidão, as maravilhosas vibrações que nos chegam de todos os lados.
E que esta bebida divina sirva-nos de combustível para o novo ano.
Que ela permita que nos renovemos, que repensemos, seriamente, nossa existência.
No instante em que assim o fizermos, estaremos, cada um de nós, acendendo uma pequenina chama nessa escuridão imensa, em meio a qual caminha a humanidade.
De clarão em clarão, de fagulha em fagulha, veremos surgir, então, no seio da raça humana, uma luz intensa, colossal, magnífica, divina.
Nesse instante, o coração dos homens estará abarrotado de amor.
Que assim seja!
FELIZ NATAL!
Ricardo Montedo