quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Chegar junto é melhor

Corríamos todos os dias; mas aquela corrida foi especial.
Estávamos transpirando desde o momento em que saímos da cama,
antes do amanhecer, mas agora o suor gotejava por todos os poros
de nossos corpos.


Evidentemente, tratava-se de um treinamento físico na escola de soldados
da tropa de choque do exército norte-americano, e esperávamos que o esforço 

fosse enorme.
Até mesmo que chegasse à exaustão.


Mas naquela manhã, não estávamos correndo de camiseta.
Estávamos correndo com a farda completa.
Como de costume, a palavra de ordem era; "Saiam juntos, corram juntos, trabalhem
juntos e cheguem juntos.
Se vocês não chegarem juntos, nem precisam se preocupar em chegar!"


Em algum lugar, ao longo da corrida, em meio ao esforço, à sede e ao cansaço, meu
cérebro registrou alguma coisa estranha em nossa formação.
Notei que, duas fileiras adiante de mim, um soldado corria fora do compasso.


Ele era um rapaz. grandalhão, ossudo e ruivo, chamado Sanderson.
Suas pernas movimentavam-se com rapidez, mas suas passadas estavam desencontradas
das nossas.


De repente, à cabeça dele começou a pender para um lado e para o outro.
O rapaz estava se esforçando demais.
Quase a ponto de perder o equilíbrio.
Sem perder o passo, o soldado à direita de Sanderson esticou o braço e pegou o rifle do
companheiro exausto.


Agora, um dos soldados estava carregando dois rifles nas costas.
O dele e o de Sanderson.
O grandalhão ruivo conseguiu correr mais um pouco.


Mas, enquanto o pelotão continuava a avançar, a mandíbula do rapaz arriou, seus olhos
ficaram vidrados e as pernas começou a pender novamente.
Desta vez, o soldado à sua esquerda esticou o braço,retirou o capacete de Sanderson, 

colocou-o debaixo do braço e continuou a correr.


O pelotão prosseguiu.
Nossas botas batiam na trilha de terra com som cadenciados.
Toc-toc-toc-toc-toc-toc.
Sanderson estavava passando mal.
Muito mal.
Estava arqueado, prestes a cair.
Mas não caiu.
Dois soldados atrás dele levantaram a mochila de suas costas, e cada um segurou
uma alça com a mão livre.


Sanderson reuniu as forças que ainda lhe restavam.
Endireitou os ombros.
E o pelotão continuou a correr.
Sempre em frente, até a linha de chegada.


Saímos juntos.
Retornamos juntos.
E todos nós nos fortalecemos com isso.


Chegar junto é melhor.
a.d.

O que acham do meu Naninha Cachorrinho?