Um dia um senhor idoso sentado ao lado de restos de uma árvore, falava a um menino:
“- Sabe menino: Quando eu tinha o teu tamanho, eu vinha embaixo desta árvore, para pegar frutas e comer!”
O menino respondeu: “-O senhor sabia que eu pegava galhos desta árvore para fazer atiradeira?”
Então o velho lhe disse: “-Dias antes desta árvore ser derrubada eu conversei com ela e ela me disse o seguinte: ‘-Sabe senhor, muitas vezes eu te vi sentado ou comendo meus frutos, as vezes sozinho e nunca te questionei; muitas vezes te vi chorar e nunca pude te responder, mas hoje eu vou te responder: você disse um dia que estava triste pois não via seus filhos há dias. Eu fui jogada aqui quando ainda semente e nunca vi meus pais nem meus filhos. O mesmo pássaro que me jogou aqui, talvez nem saiba que seus descendentes fizeram seu ninho em mim. Uma vez você trouxe amigos que acamparam ao meu redor, comeram meus frutos e naquela noite o senhor disse a eles: usem os galhos desta velha árvore para fazer fogo, pois à noite costuma fazer muito frio aqui e eu nem liguei quando quebraram meus galhos. O senhor me perguntou também se me sentia só, hoje eu lhe digo: nunca pude sair do meu lugar, voar como um pássaro ou andar como o senhor, mas tive de minha parte muitos amigos, que nunca perceberam isto.’”
O menino perguntou: “-O senhor, o que disse?”
“- Eu apenas chorei e fiquei a ouvir: ‘- Eu servi de alimento para animais e pessoas, tive que suportar tempestades, raios enchentes, fogo mas nunca deixei de produzir frutos e até purifiquei o ar. Então saiba o senhor que eu fui amiga também e gostaria de lhe fazer um último pedido: o senhor poderia depois pegar os meus restos, cortar em tábuas e levar para alguém fazer uma casa pra morar?’”
Pergunta o menino: “- E o senhor, respondeu o quê?”
“-Eu falei para ela se não seria melhor fazer móveis ou então papel. E a árvore em seus últimos suspiros me respondeu: ‘O senhor também é velho como eu, mas ainda pode andar, falar, ensinar, mostrar aos mais jovens o que Deus nos deixou, ensinar que não sabemos por que Deus escolheu nossos pais, ensinar que não sabemos a hora de partir, ensinar que somos iguais e que se conhecemos um pouco a mais, devemos então com humildade saber escutar, porque o tempo passa e o que resta é o que sentimos no coração.’”
Gilberto Molenda
“- Sabe menino: Quando eu tinha o teu tamanho, eu vinha embaixo desta árvore, para pegar frutas e comer!”
O menino respondeu: “-O senhor sabia que eu pegava galhos desta árvore para fazer atiradeira?”
Então o velho lhe disse: “-Dias antes desta árvore ser derrubada eu conversei com ela e ela me disse o seguinte: ‘-Sabe senhor, muitas vezes eu te vi sentado ou comendo meus frutos, as vezes sozinho e nunca te questionei; muitas vezes te vi chorar e nunca pude te responder, mas hoje eu vou te responder: você disse um dia que estava triste pois não via seus filhos há dias. Eu fui jogada aqui quando ainda semente e nunca vi meus pais nem meus filhos. O mesmo pássaro que me jogou aqui, talvez nem saiba que seus descendentes fizeram seu ninho em mim. Uma vez você trouxe amigos que acamparam ao meu redor, comeram meus frutos e naquela noite o senhor disse a eles: usem os galhos desta velha árvore para fazer fogo, pois à noite costuma fazer muito frio aqui e eu nem liguei quando quebraram meus galhos. O senhor me perguntou também se me sentia só, hoje eu lhe digo: nunca pude sair do meu lugar, voar como um pássaro ou andar como o senhor, mas tive de minha parte muitos amigos, que nunca perceberam isto.’”
O menino perguntou: “-O senhor, o que disse?”
“- Eu apenas chorei e fiquei a ouvir: ‘- Eu servi de alimento para animais e pessoas, tive que suportar tempestades, raios enchentes, fogo mas nunca deixei de produzir frutos e até purifiquei o ar. Então saiba o senhor que eu fui amiga também e gostaria de lhe fazer um último pedido: o senhor poderia depois pegar os meus restos, cortar em tábuas e levar para alguém fazer uma casa pra morar?’”
Pergunta o menino: “- E o senhor, respondeu o quê?”
“-Eu falei para ela se não seria melhor fazer móveis ou então papel. E a árvore em seus últimos suspiros me respondeu: ‘O senhor também é velho como eu, mas ainda pode andar, falar, ensinar, mostrar aos mais jovens o que Deus nos deixou, ensinar que não sabemos por que Deus escolheu nossos pais, ensinar que não sabemos a hora de partir, ensinar que somos iguais e que se conhecemos um pouco a mais, devemos então com humildade saber escutar, porque o tempo passa e o que resta é o que sentimos no coração.’”
Gilberto Molenda
