quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Pessoas surpreendentes

Um rapaz de vinte e dois anos adentra o palco do Korea’s Got Talent. Programas semelhantes existem, com versões mais ou menos parecidas, em vários países do mundo.
E, vez ou outra, pessoas muito especiais ali comparecem.
Elas têm um sonho, desejam seguir uma carreira, mudarem o rumo da própria vida.
Com Choi Sung-Bong não foi diferente. Abandonado aos três anos de idade, ele viveu em um orfanato até aos cinco anos. Fugiu, confessa, depois de ter apanhado de pessoas responsáveis pela instituição.
Por dez anos, viveu pelas ruas. Vendia chicletes e bebidas. Dormia em escadas e banheiros públicos. Sempre que encontrava, nas ruas, aulas gratuitas de música, ele comparecia.
Fez o supletivo para o ensino fundamental e teve seu primeiro contato com a escola, ao iniciar o ensino médio.
Hoje, trabalha como servente de pedreiro. Seu sonho é se tornar um cantor. Um sonho que foi despertado de estranha maneira.
Certa feita, estando a vender chicletes em uma casa noturna, ele viu um cantor no palco, se apresentando.
A música animada o envolveu e ele ficou fascinado pelo que fazia aquela pessoa no palco. Decidiu: seria cantor.
Conta ele que viveu momentos muito duros em sua vida. Chegou a ser vendido a pessoas inescrupulosas.
Esse jovem, de experiências amargas, guarda doçura na voz e humildade na sua apresentação. Nota-se-lhe a timidez ao falar.
Também o nervosismo, frente ao microfone, apertando os olhos e os lábios, vez que outra.
Ele confessa que, quando canta, se sente outra pessoa. E, realmente, quando abriu sua boca para interpretar a música de Ennio Morricone, no idioma italiano: Nella Fantasia, a emoção tomou conta da plateia e dos julgadores.
Era mesmo outra pessoa. Um cantor interpretando uma canção, com alma e coração.
O sem família, que viveu anos pelas ruas, trabalha, estuda e persegue seu sonho. Não há amargura na sua voz.
Há a doçura de quem crê num mundo bom, conforme os próprios versos da canção que elegeu para sua apresentação e cuja tradução nos diz:
Nesta fantasia eu vejo um mundo justo.
Ali todos vivem em paz e em honestidade o sonho das almas que são sempre livres, como as nuvens que voam, cheias de humanidade.
Na fantasia existe um vento quente, que sopra pela cidade como amigo. Eu sonho que as almas são sempre livres...

O que acham do meu Naninha Cachorrinho?