Você já se sentiu assim...
com uma tremenda dor na alma e sem
entender por que as coisas estão lhe acontecendo?
Já se flagrou imaginando por que todos
os seus esforços e suas boas intenções
são absolutamente inúteis para produzir
os efeitos no mundo que o seu coração deseja?
Vários de nossos irmãos das Sagradas Escrituras
viveram esta realidade.
Aquele que mais se destaca e mais me
impressiona é José.
Equivocadamente chamado de “José do Egito”,
porque aquele não é um josé de um determinado
lugar, é um josé de todos os rincões,
de todos os tempos.
É o josé de Jesus, que foi objeto de ódios
e invejas se seus próprios irmãos, que foi
caluniado de forma infame por uma mulher
que queria de fato possuí-lo e por ter sido
fiel ao seu senhor e ao seu Deus foi posto
no ostracismo da cadeia, sem direito a
um julgamento justo, sem a possibilidade
de apresentar defesa.
Potifar, na casa de quem ele trabalhava,
tomou como verdade o que dissera a sua esposa
e sentenciou o nosso irmão ao chicote e à prisão.
Mas o meu enfoque neste texto não é
sobre os sofrimentos de José, mas o modo
como ele lidou com os mesmos.
Ele não se acabrunhou, não se deprimiu,
nem mesmo reclamou de Deus ou da vida.
Ele não mal disse seus irmãos, não guardou
ódio de Potifar e de sua mulher, não coseu
em sua alma planos de vingança.
Ele simplesmente enfrentou cada nova situação
que se lhe impunha sendo ele mesmo,
acreditando que é sempre possível,
em quaisquer que sejam as circunstâncias,
fazer o melhor, dar o melhor de si.
Tirar da dor, da injustiça e do ódio sem razão
a matéria-prima pro serviço, para a
solidariedade e para o amor.
Que máquina é esta que transmuta dentro
de um homem o mal em bem, a morte em vida,
o monstro em pomba branca da paz?
“Cristo em nós, esperança da glória”.
Foi isto que fez o nosso Salvador em Sua vida.
Ele não permitiu que atirassem pedras na adúltera,
mas não reagiu quando os homens o prenderam
e o levaram para aquilo que foi um simulacro
de tribunal.
Parece que sobre Ele todas as mentiras
e agressões eram como um combustível
que o capacitava para ir mais longe e para
socorrer a muitos.
Até hoje muitos de nós não têm tido
a oportunidade de experimentar o verdadeiro
cristianismo, uma vez que este não se manifesta
meramente em nossas lindas celebrações,
em nossas reuniões de oração e de louvor.
O vero cristão é aquele que se manifesta
na dor e no calor das perseguições.
Esta realidade era tão conhecida pelos
nossos antepassados que no século IV,
após a “conversão” de Constantino e o fim
das torturas aos discípulos de Jesus,
muitos deles foram para os desertos
a procura de privações e lutas, pois entendiam
que só assim um legítimo caráter cristão
poderia ser forjado.
Eu e você não precisamos buscar os lugares
ermos, as lutas nos encontram onde
estamos agora e nos vêm de repente.
Creio que há uma outra semelhança entre
Jesus e José que poderia servir de estímulo
para nós quando estivermos passando por
experiências de angústia e perplexidade.
Ambos tinham sonhos, sabiam que suas
vidas tinham um propósito, entendiam
que não estavam sobre a terra para serem
expectadores da história, mas seus protagonistas.
Eram capazes de ver cada lance como um ato
de uma peça que haveria de terminar de forma
triunfante e magistral.
No final o que importa mesmo não é o que
nos fazem no presente, nem o que sofremos
no passado, é o que sonhamos pro futuro,
é o que estamos gestando agora para abençoar
a terra amanhã.
Esta é a motivação que nos fará dar sempre
algo bom e novo a todos que nos cercam independentemente do que estejamos
ou tenhamos recebido.
Precisamos estar juntos, unidos, de mãos dadas.
Deus sempre concede a vitória àqueles que
n´Ele confiam.
Com esperança e fé.